quarta-feira, 4 de junho de 2008

200 anos depois do fim do comércio de escravos, um negro concorre à Presidência dos Estados Unidos

Cerca de 40 anos depois da Suprema Corte dos Estados Unidos ter tomado decisões que acabaram oficialmente com a segregação racial no país, o Partido Democrata está prestes a fazer História ao escolher o primeiro negro para concorrer à Casa Branca.
A escolha coroa a extraordinária campanha de um político que era praticamente desconhecido do grande público há 12 meses. Desde então, Obama usou a internet, uma grande capacidade de organização e uma retórica que lembra os oradores do movimento negro por direitos civis para gerar o entusiasmo que garantiu a ele a vitória sobre a franca favorita, a ex-primeira-dama e senadora Hillary Clinton. Hillary e o marido, o ex-presidente Bill Clinton, controlavam a maior parte da máquina partidária antes de serem atropelados pelo senador em primeiro mandato.
Apesar do racismo e da discriminação persistirem nos Estados Unidos, Obama foi capaz de construir uma coalizão que juntou o entusiasmo dos jovens com o apoio dos democratas mais ricos e mais educados, que foram seduzidos pelo slogan do "Sim, Podemos", pela promessa de acabar com a guerra do Iraque e a prisão de Guantánamo e de promover uma reforma completa da política doméstica e externa dos Estados Unidos depois de dois mandatos de George W. Bush.
Mas a escolha do Partido Democrata não deixa de ser extraordinária: há apenas cinco décadas, em algums regiões dos Estados Unidos - especialmente no Sul - a segregação entre brancos e negros era política oficial. Só em 1954, na famosa ação Brown vs. Board of Education, a Suprema Corte do país derrubou oficialmente a segregação nas escolas. A escolha de Obama acontece dois séculos depois da proibição do comércio de escravos nos Estados Unidos.
Acima de tudo, Barack Obama representa a possível mudança de geração no comando dos Estados Unidos. O senador, se eleito, assumirá com apenas 47 anos de idade. Parece incrível, mas todo americano de menos de 19 anos de idade só conhece a Casa Branca ocupada por um Bush ou um Clinton.
Abaixo, a tradução do discurso que virou hit de sucesso nos EUA, tenso sido gravado por atores e músicos americanos.

Sim, nós podemos

Foi um credo escrito nos documentos da fundação e que declararou o destino da nação.
Sim nós podemos.
Foi sussurrado por escravos e abolicionistas conforme percorriam o caminho para a liberdade.
Sim nós podemos.
Foi cantado por imigrantes conforme iam surgindo de costas distantes e os pelos pioneiros enquanto empurravam para oeste contra a terra selvagem.
sim nós podemos.
Era o chamamento de trabalhadores que se organizavam; das mulheres que procuravam votar; de um Presidente que escolheu a lua como a nova fronteira; e um rei que nos levou ao topo da montanha e apontou na direcção da terra prometida.
Sim nós podemos a justiça e a igualdade.
Sim nós podemos a oportunidade e a prosperidade.
Sim nós podemos curar esta nação.
Sim nós podemos reparar este mundo.
Sim nós podemos.
Sabemos que a batalha será longa, mas lembrem-se sempre que não importa quais os obstáculos no caminho, nada pode se colocar no caminho do poder de milhões de vozes chamando a mudança.




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