sexta-feira, 2 de abril de 2010

A pressa é inimiga da refeição

O fundador do movimento Slow Food esteve no Brasil para disseminar a importância da agricultura sustentável e das culturas locais - acredite ou não, isso pode até salvar o planeta.

Calma. É isso o que vem pedir Carlo Petrini. Calma para respirar, para fazer escolhas conscientes e para conhecer o lugar e as tradições do lugar onde você mora. O fundador da Slow Food Foundation, com sede na cidade italiana de Bra e presente em 132 países, não quer apenas que as pessoas comam devagar. Ele quer mandar uma mensagem contra o consumo massificado e a agricultura industrializada. Ele defende a comida da vovó, a horta do vizinho, o cultivo e a produção de produtos genuínos e a valorização desses produtos nos mercados regionais.

Em sua visão, a alimentação contemporânea agroindustrial é a grande responsável pela destruição do planeta. Somos em sete bilhões, produzimos comida para 12 bilhões e ainda um bilhão passa fome. "Mais da metade do que produzimos é jogado no lixo. No sistema consumista, só conta o preço, e não o cuidado, a produção e o modo de conceber os alimentos", afirma.
Petrini foi indicado pelo jornal inglês The Guardian, em 2008, como uma das 50 pessoas que poderiam salvar o mundo e defende que a gastronomia é uma ciência complexa. Nas escola e faculdades onde ela é ensinada, os alunos deveriam aprender física, agricultura, antropologia, história, economia e química. Dessa maneira, sairiam de lá gastrônomos competentes e comprometidos com uma comida "boa, limpa e justa" – os três pilares da Slow Food. Construir uma horta nas escolas e universidades é o primeiro passo. "Tirem 10 vagas do estacionamento, quebrem o asfalto, coloquem terra e um pouco de estrume, plantem tomates, feijões, verduras. Se alguém reclamar que não tem vaga, ganha um tomate!", diz Petrini, bem humorado. Para ele, o Slow Food tem que ser divertido.

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